quinta-feira, 16 de junho de 2011



















" Cito a Márcia do planetamarcia.blogs." porque foi exactamente aquilo que sinti sobre esta escritora e foi como fiquei logo que li as três primeiras páginas, apesar de estar a ler o livro em inglês, e o meu inglês não ser assim tão bom.

Quanto mais conheço o trabalho de Jodi Picoult mais me encanta a forma como nos leva sempre por caminhos novos, e os temas polémicos que oferecem uma discussão intensa. “No seu Mundo” não é excepção.

Fiquei presa numa escrita intensa e envolvente que, há medida que avança, mais nos agarra. Dei por mim a ler centenas de páginas de seguida, sem ponta de fadiga nem vontade de parar. Temos mais uma vez capítulos curtos, cada um dedicado a uma personagem, como se cada uma tivesse a sua própria voz, é o seu pensamento. Interessante a forma como a cada personagem (capítulo) é atribuído um tipo de letra diferente – reforça a ideia de que cada um fala na sua voz.

Desta vez entramos no tema do Autismo, posso dizer que tinha algumas noções do que se trata, mas obviamente nesta altura adquiri mais conhecimentos e pude aprender outros termos, como saber que a Síndrome de Asperger está relacionada com o Autismo mas trata-se de uma incapacidade um pouco diferente em termos sociais. A informação fornecida é bastante e oferecida ao leitor de um modo cativante.

Vemos o mundo pelos olhos de Jacob, que sofre de Síndrome de Asperger, e vê a realidade de uma forma muito particular – literal, vazia de emoções, não que não tenha sentimentos ou não valorize os laços familiares.

A polícia local investiga o cenário de um crime – Jess, uma estudante Universitária com quem Jacob tem sessões semanais para aprofundar e melhorar as relações sociais, está desaparecida e aparece morta. Jacob é o principal suspeito do homicídio dado que as suas palavras e actos levam as autoridades nesse sentido. Mas saberão eles analisar correctamente as pistas e as atitudes de Jacob? Quanto a mim, há aspectos bastante objectivos que nunca são questionados, o que demonstra que muitas vezes a realidade é o que queremos fazer dela, ou o que parece nem sempre é. Seja como for, penso que temos um relato brilhante, sustentado com uma caso prático, de como todos temos a nossa forma de olhar para o mundo e de como o respeito pelas diferenças nos poderia fazer caminhar no sentido da justiça. Infelizmente as coisas não se processam dessa forma, e como li algures no decorrer do livro: “normal é um programa da máquina de lavar”.

Jacob é um jovem intelectualmente brilhante que vive com a mãe e o irmão. As dificuldades familiares de viver com esta doença são muito bem relatadas no dia-a-dia da mãe e do irmão, quando se deparam com as inesperadas crises de Jacob, se algo se desvia da sua rotina habitual. Diariamente, em todo o mundo, famílias aprendem a adaptar-se a uma realidade semelhante à de Jacob, a viver na instabilidade e a tentar sempre trazer para junto de si as crianças que se afastam para outros mundos. Depois desta leitura deixo aqui a minha grande admiração a quem luta diariamente por trazer estas pessoas para a luz.

Altamente recomendado! Soberbo!

Sinopse

“Jacob Hunter é um adolescente: brilhante a Matemática, sentido de humor aguçado, extraordinariamente bem organizado, incapaz de seguir as regras sociais. Jacob tem síndrome de Asperger. Está preso no seu próprio mundo - consciente do mundo exterior e querendo relacionar-se com ele. Jacob tenta ser um rapaz como os outros mas não sabe como o conseguir.

Quando o seu tutor é encontrado morto, todos os sinais típicos da síndrome de Asperger - não olhar as pessoas nos olhos, movimentos descontrolados, acções inapropriadas - são identificados pela Polícia como sinais de culpa. E a mãe de Jacob tem de fazer a si própria a pergunta mais difícil do mundo: será o seu filho capaz de matar?”


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