segunda-feira, 2 de março de 2009




A rã não sabia que estava a ser cozinhada.
Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada tranquilamente uma pequena rã.
Um lume brando sob a panela e a água aquece muito lentamente.
Pouco a pouco água fica morna e a rã, achando bastante agradável, continua a nadar.
A temperatura da água continua a subir...
Agora a água está mais quente do que a rã gostaria, sente-se um pouco cansada, mas, não obstante, isso não a faz desconfiar.
Agora a água está realmente quente e a rã começa a achar desagradável, mas está muito debilitada, aguenta e não faz nada...
A temperatura continua a subir, até que a rã acaba, simplesmente, morta e cozida.



Moral:
Se a mesma rã tivesse sido lançada directamente na panela com a água a 50 graus, com um golpe de pernas teria saltado imediatamente para fora da panela.

Isto mostra que, quando uma mudança acontece de um modo suficientemente lento, escapa à consciência e não desperta, na maior parte dos casos, nenhuma reacção, nem um pouco de oposição ou alguma revolta.

Se nós olharmos para o que tem acontecido na nossa sociedade durante as últimas décadas podemos ver que estamos a sofrer uma lenta mudança na vida à qual nos vamos costumando.
Uma quantidade de coisas que nos teriam feito horrorizar há 20, 30 ou 40 anos, foram a pouco e pouco banalizadas e hoje apenas perturbam levemente ou até deixam completamente indiferente a maior parte das pessoas.

Em nome do progresso, da ciência e do lucro são efectuados ataques contínuos às liberdades individuais, à dignidade, à integridade da natureza, à beleza e à alegria de viver. Lenta, mas inexoravelmente, com a constante cumplicidade das vítimas, desavisadas e agora incapazes de se defenderem.

As previsões para o futuro, em vez de despertarem reacções e medidas preventivas, não fazem outra coisa que não seja preparar psicologicamente as pessoas para aceitarem algumas condições de vida decadentes, aliás dramáticas.
O martelar contínuo de informação dos meios de comunicação social satura os cérebros que não conseguem distinguir mais as coisas...

Conscientes ou cozinhados, precisamos de escolher!



por Olivier Clerc, escritor e filósofo