terça-feira, 27 de maio de 2008

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...


Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
É também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.


Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...


Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua.
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola de outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...

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